Eu te peço perdão por te amar de repente,
embora o meu amor seja uma velha
canção nos teus ouvidos.
Das horas que passei à sombra dos gestos
teus, bebendo em tua boca o perfume
dos seus sorrisos.
Das mortes que vivi acalentado
pela graça indizível dos teus
passos eternamente fugindo.
E posso dizer que o grande afeto que te deixo não traz o axaspero
das lágrimas nem a fascinação das promessas.
Nem as misteriosas palavras dos véus da
alma.
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias...
Só te pede que te repouses quieto,
Muito quieto e deixe que as mãos cálidas
da morte encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.
(Vincius de Moraes)
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