Tenho quarenta anos. O que conheço de igreja é baseado em meus estudos, minhas percepções e especialmente do fato de fazer parte de uma há quase vinte anos. Temos ouvido tantas coisas atualmente sobre esse tema, mas o que mais se ouve, certamente é que a igreja está descaracterizada, que ela está perdendo sua identidade, que ela já não é mais a mesma, que não se canta mais como antes, que não se prega mais como antes, que não se cultua mais como antes, que já não temos mais uma liturgia, que as tradições estão sendo postas de lado, que já não nos preocupamos com o que e como vivia a igreja primitiva. Pois bem, vou repetir o que o que já disse em outra ocasião. Só relacionado à igreja eu percebo que a palavra “primitiva” é algo bom, em tudo o mais, me parece algo ultrapassado, sem propósito e que não atende mais a um fim produtivo e funcional. SE A IGREJA ERA PRIMITIVA, É PORQUE O MUNDO DAQUELA ÉPOCA ERA PRIMITIVO. Mas voltando a ideia principal, tenho uma pergunta: “Quando e como a igreja se descaracterizou?”. Qual era a igreja de Jesus, mais ainda, qual era a igreja que Jesus pregava, ensinava e vivia? Afirmo sem medo de errar. UMA IGREJA DE AÇÃO E ATITUDES, não simplesmente uma igreja de palavras que não se traduzem em absolutamente nada. Uma igreja que ia em busca do desvalido, cabisbaixo, abandonado pelo sistema, do que não tinha nenhum valor para a sociedade (o endemoninhado de Gadara, por exemplo), o pobre, o enlutado, enfim, Jesus se movia em direção e em favor das pessoas. Tal qual um iate que se deixa levar pelo vento quando desfralda suas velas, assim era Jesus que se deixava levar pelas necessidades das pessoas abrindo, não suas velas, mas suas asas de amor, misericórdia, inclusão, perdão, novas oportunidades, disciplina, exortação... Pois é, a igreja se descaracterizou não porque mudou seu estilo musical, deixou sua liturgia secular, mudou o estilo de pregação, não, por isso não. A igreja se descaracterizou não nesse século, mas quando começou a matar em nome de Deus, quando deixou de olhar para as pessoas como o mais importante, quando se deixou levar pelo desejo de poder, quando se tornou muito mais instituição do que organismo vivo, quando se “religionalizou”, deixando de ser a “detentora” da pura e reta doutrina. Dizemos que Jesus é o nosso referencial, que ele é quem nos dá o norte, que é nosso parâmetro, que seguimos seus ensinos, mas na prática não é nada disso o que vemos, pelo contrário. O que vemos é uma igreja ensimesmada, que olha apenas para as suas necessidades, seus projetos, suas ideias e que muitas vezes não tem nada a ver com aquilo que uma “igreja de verdade” deveria ser ou fazer. JESUS ERA DIFERENTE! Ele, diz o texto, “olhava para as multidões e se compadecia”. Ele parava para atender as mulheres, as crianças, os idosos, os homens, os aleijados, os cegos, surdos, loucos, os pobres, mas também os ricos (procurem em suas bíblias). As palavras são essas: JESUS PARAVA PARA DAR TEMPO AS PESSOAS. Esse era Jesus! Essa era a igreja que ele esperava que nós cultivássemos e disseminássemos para que tantas outras pessoas pudessem entender o sentido de algumas de suas palavras, como: “EU SOU A LUZ DO MUNDO... EU SOU O PÃO DA VIDA... EU SOU A ÁGUA DA VIDA... EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA... EU SOU O BOM PASTOR... VENHAM A MIM TODOS OS QUE ESTÃO CANSADOS...”. Temo que muitas igrejas não tenham noção do que seja isso, ou como algumas vezes somos forçados a ouvir, alguns poderão dizer: “Isso tá escrito na bíblia?”. Santo Deus!
Você ainda está preocupado com o estilo musical de sua igreja, com o tipo de roupa que seus irmãos estão usando, com o corte de cabelos, se você pode ou não cantar essa ou aquela música, se a liderança permite que você participe desse ou daquele ministério? Quero lhe dizer uma coisa. Sempre haverá lugar e sempre será tempo de ser uma igreja COMO JESUS. Lembre-se: o Filho do Homem não tinha onde reclinar sua cabeça. Não permita que o limite do “templo” atrapalhe você a ser uma igreja COMO JESUS.
No amor de Cristo.
Marcos Guimarães










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